Musicaria


Marku Ribas – 4 Loas
24/05/2011, 20:00
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Salve ao rei do groove Marku Ribas, que passeia em forma de música sobre nossos ouvidos. Definitivamente não há como descrever Marku a não ser ouvindo seus trabalhos, e “4 Loas” se destaca de forma esplendorosa. Na bossa, no soul, no funk, no jazz, em qualquer terreno ou qualquer mistura que Ribas toca se torna groove, vira suingue. E pra abrir um álbum cheio de classe e estilo, o músico não poderia começar melhor, “Aurora da Revolução”, um samba/bossa com batera bem ‘jazzística’ onde Ribas leva um leve suingue bem lúcido, mas com potência através de seu vozerão. No balanço da onda, Ribas entra com “Querobem Querubim”, com uma linha de vocal requintada e  na guitarra um riff bem na levada do blues, se torna uma das melhores músicas no álbum. Na bossa “Altas Horas” a guitarra passeia com uma distorção bem “amarrada” grave e seca, ganha um esmero a mais ao duetar em algumas viradas com os instrumentos de sopro. No ‘quase’ xote “Sambatema” é explicito a pegada de Marku no violão, clara, firme e completa, a pegada das cordas contrastam bastante com o triângulo que envolve a faixa. Simples e na linha de um samba-canção “Daomé” dá aquela pitada de charme com um show a parte dos instrumentos de sopro. Chega quente com Marku Ribas brincando legal com a voz, “Beverly Help”, em uma levada meio blues com solos ‘a la’ rock n’ roll, e um espetáculo dos teclados, é uma das músicas mais animadas do disco. “Doce Vida” dá uma sucegada no balanço frenético, na sequência “Aristoporindê”, traz viradas progressivas de abrir os olhos e os ouvidos de qualquer baterista. Em uma ‘funkeada’ atraente, Ribas mostra “O Mar não tem cabelo”, um dos balanços mais bacanas do álbum, uma levada que chama pra dançar, grande destaque do disco. “A embaixatriz” começa em um hit bem pop e americanizado, porém em uma virada majestosa a música cai no suingue como é costume e segura a onda em um ‘sambinha’. Para fechar com categoria Marku Ribas aposta em uma levíssima melodia cantada em francês,”Ce pás pour Ça”,  perfeito para encerrar um álbum que viaja no groove e esbanja técnica nas cordas, na batera e no vozerão.

Produção primorosa, clareza total quando o assunto é violão, cordas que batem ao pé do ouvido e uma distorção na guitarra que ativa a alma ‘blusista’ de qualquer um. Pois bem, eis o ‘senhor’ do “Zamba Bem”, com mais um belo trabalho, aprovado e indicado. Agora corra e ouça.

01 – Aurora da Revolução
02 – Querobem Querubim
03 – Altas Horas
04 – Sambatema
05 – Daomé
06 – Beverly Help
07 – Doce Vida
08 – Aristoporindé
09 – O Mar não tem Cabelo
10 – A Embaixatriz
11 – Ce pás pour Ça
 
http://www.myspace.com/markuribas


Mombojó – Amigo do Tempo
22/05/2011, 14:13
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Fazendo jus a boa música de Olinda, os pernambucanos da Mombojó não cansam de fazer bonito, seja chamado de Nova MPB, Mangue-Beat ou música Alternativa, o resultado é um só, originalidade. A banda conseguiu com que o último disco “Amigo do tempo” fosse também amigo de nossos ouvidos em todas as faixas e isso fica extremamente claro com a primeira música do álbum “Entre a União e a Saudade”, com um ar atmosférico, batera cadenciada, samples passeando pela música e uma linha de vocal muito bacana. Quebrando o ar sereno que a primeira música deixa, os pernambucanos entram na segunda faixa, “Antimonotonia”, pedindo pro corpo mexer com uma levada de rock n’ roll, riff’s que lembram algo bem velho-oeste e um teclado que enaltece a sonoridade da música que caminha com um vocal bem reto. “Passarinho Colorido” começa numa pegada bem frenética, com um teclado soberano e uma batera aguda, porém em uma freada graduada o som começa a ganhar peso nas guitarras e manter uma levada mais lenta, mas bem bacana, ótimo truque usado pela banda. Em “Justamente” e “Qualquer Conclusão” fica evidente os traços de cordas que o grupo gosta de usar, uma distorção praticamente limpa, lembrando bastante distorções usada por bandas de rock n’ roll nos anos 80. Na sequência “Praia da Solidão”, uma ‘balada’ bem leviana, que caminha com teclados, instrumentos de sopro e uma guitarra bem simples, chega a lembrar aquelas canções românticas de Roberto Carlos, é claro que sem os samples e outros arranjos mais modernos. Fica em destaque as duas próximas canções do disco “Casa Caiada” e “Aumenta o volume”, a primeira definitivamente apresenta bem a cara da Mombojó, contém praticamente todas as características musicais utilizadas ao longo do disco e têm um refrão bem convincente. Na “Aumenta o volume” a empolgação é grande apesar de pontos mais calmos na canção, a música mais pesada do álbum têm guitarras fortes,  solos ‘ardidos’ e uma batera com belas viradas nos pontos ‘quentes’ da música, sem contar com o vocal onde Felipe (vocalista) marca presença sem fazer malabarismos com a voz. “Triste Demais” entra naquela linha bem atmosférica e ‘relax’ nada de muito diferente em relação aos outros sons que a banda já havia apresentado anteriormente. A faixa que traz o nome do disco “Amigo do tempo”, têm um ‘riffizinho’ bem grudendo que carrega a linha do vocal, além de um belo trabalho no chimbal do baterista Vicente Machado. Na última e mais ‘pop’ faixa do disco, “Papapa”, que até ganhou um clipe bem moderno e bacana, a presença dos sintetizadores é clara, uma guitarra nada carregada, uma levada tranquila mesmo com o peso dos sintetizadores e um refrão que sem dúvida nenhuma cola na mente.

Em relação a produção do disco não há o que reclamar, também contando com o auxílio de Pupillo (baterista da Nação Zumbi) e Kassin (Orquestra Imperial, Los Hermanos e outros) não tinha como ter erro. E também não é a toa que os garotos de Olinda andam marcando presença nas listas de melhores discos de 2010. Ouça já, e acabe “com a monotonia do seu dia após dia”.

Ps: A banda disponibilizou o disco para download no site oficial.

  1. Entre a União e a Saudade
  2. Antimonotonia
  3. Passarinho Colorido
  4. Justamente
  5. Qualquer Conclusão
  6. Praia da Solidão
  7. Casa Caiada
  8. Aumenta o Volume
  9. Triste Demais
  10. Amigo do Tempo
  11. Papapa
http://www.mombojo.com.br/
http://www.mombojo.com.br/baixarcd/    download
http://www.myspace.com/mombojo


Rogê – Fala Geral
20/05/2011, 23:33
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Carioca, essa palavra define completamente o último trabalho de Rogê, mesmo que o álbum passeie sobre o reggae, caminhe sobre jongo e se delicie no sambalanço a característica de samba carioca não é perdida em nenhum momento, o sotaque e o suingue é bem marcante e tem potencial suficiente para convidar o ouvinte para o balanço. Rogê abre o “Fala Geral” com uma bossa, “Fala Brasil”, abre o disco com estilo, piano casando perfeitamente com os sopros e com o violão suave ao fundo e uma batera na perfeita levada da bossa.  Como samba também é contraste, Rogê entra na segunda faixa ‘descadeirando a morena’ com o sambalanço “A Nega e o Malandro”, música que abusa no suingue e capricha nos instrumentos de sopro, a letra que conta a desavença da ‘nega’ com o’malandro’ é um charme a parte, todo esse conjunto faz com que essa seja uma das melhores canções do disco. “O Guerreiro Segue” se distingue bastante do restante do álbum por ter um pé mais no reggae, mas sem perder o balanço. Se destacam no álbum sambas como o “Amor à favela”, samba bem suave e reflexivo, e o samba-exaltação “Mapa da Lapa”. Em seguida Rogê traz 3 músicas bem peculiares a sua características, na levada do sambalanço/samba-rock ele chega com “Mãe natureza”, “Minha princesa” e “Jeito de gueixa”. Na sequência Rogê apresenta uma idéia de samba-rock com tambores de maracatu, guitarra sintetizada e um belo cavaco soando ao fundo, “São Geraldo”, também uma das melhores do álbum devido sua potência e ‘impeculiaridade’. Rogê finaliza o disco com a ‘baladinha’ “Meu bem volta logo”, e uma espécie de ciranda com arranjos de trompetes e coral e tambores marcantes.

Produção fina, impecável e uma grande variedade de ritmos bem trilhados por Rogê. “Fala Geral” não deixa nada a desejar, a não ser um bom show ao vivo e suingado da banda toda. Vale a pena conferir essa levada autenticamente carioca.

1. Fala Brasil
2. A nega e o malandro
3. O guerreiro segue
4. Amor à favela
5. Mapa da Lapa
6. Mãe natureza
7. Minha princesa
8. Jeito de gueixa
9. São Geraldo
10. Meu bem volta logo
11. Tempo virou

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Maquinado – Mundialmente Anônimo
20/05/2011, 11:42
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Não bastasse fazer história e obras primas com o glorioso Chico Science e Nação Zumbi, o guitarrista da banda, Lúcio Maia, lançou em 2007 seu primoroso projeto solo chamado “Maquinado”, com o álbum “Homem Binário” (logo logo teremos resenha dele). Em 2010 Maquinado reaparece com um devaneio auditivo espetacular, uma sequência perfeita para o trabalho solo do músico, “Mundialmente Anônimo, O Magnético Sangramento da Existência”, um disco com um ar um tanto quanto orgânico, com guitarras sem exagero, até com algumas levadas de samba em algumas músicas, mas sem perder a modernidade dos samples de um bom produtor. Lúcio abre o disco surpreendendo demais, “Zumbi” é a canção que puxa o disco, Maia faz uma releitura primorosa da música de Jorge Ben composta em meados de 74, a canção traz um riff bem marcante, ainda mais com elementos eletrônicos que ambientam a música. Em seguida e na mesma linha de “Zumbi”, Lúcio lança “Dandara”, que faz referência a esposa do herói negro Zumbi dos Palmares, música que traz uma letra riquíssima historicamente. Em uma levada mais “samba/baião”  o álbum segue com  “Bem vinda ao inferno” e “Super Homem Plus” (música do Mundo Livre S/A), com vocais simples e bem acentados, a “Super Homem Plus” conta com uma bela participação do trompetista Guizado, que vem fazendo grandes parcerias. Na faixa “Tropeços Tropicais”, Maquinado aposta em um rap nos vocais de Lurdes da Luz, do Mamelo Sound System, rap que por sinal ficou excelente, com bases bem acentuadas, uma guitarra viajando ao longo da música e uma letra bem atraente. Em meio a varieda sonora, o “Mundialmente Anônimo” surge com uma “balada” que gruda nos ouvidos, “Pode Dormir”, tal música lembra bastante uma das faixas que até ganhou clipe no trabalho anterior de Lúcio, “Sem Conserto”, “Pode Dormir” segue essa linha, com bastante preciosismo nas cordas, uma levada bem tranquila e marcante com um vocal de Lúcio bem acentuado e suave, “Girando o Sol” também segue essa tendência. Outra aposta do Maquinado são nas músicas instrumentais como “Provando a Sanidade”, “Recado ao Pio, Extensivo ao Lucas” e “SP”, a última das três é uma das mais pesadas do disco, com elementos eletrônicos a rodo, sirenes e vozes, sonorizando São Paulo de uma forma bem densa.

O álbum é bem ‘auto-explicativo’, cada música traz seu ambiente, cada som apresenta um devaneio, esse é um dos pontos fundamentais nos álbuns de Lúcio Maia, a capacidade de fazer com que o ouvinte adentre na sua viagem, no seu sonho, no seu devaneio. Lúcio leva um pouquinho disso também no seu último trabalho gravado, “Seu Jorge e Almaz”, que conta com uma roupagem em cima de músicas de grandes artistas, mas essa história fica para outra resenha, enquanto isso ouçam IMEDIATAMENTE “Mundialmente Anônimo, O Magnético Sangramento da Existência”.

1. Zumbi
2. Dandara
3. Bem Vinda ao Inferno
4. Super Homem Plus
5. Tropeços Tropicais
6. Pode Dormir
7. Provando a Sanidade
8. Recado ao Pio, Extensivo ao Lucas
9. Girando ao Sol
10. SP

http://www.maquinado.com.br/

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Fino Coletivo – Copacabana
18/05/2011, 22:26
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Juntaram alagoanos com cariocas, nasceu o Fino Coletivo, juntaram cariocas e alagoanos com 3 anos de trabalho coletivo e nasceu o álbum “Copacabana”, mistura que deu certo, tanto na banda quanto no disco. Uma palavra que define bem o último trabalho dos ‘boêmios’ cariocas/alagoanos, é suingue. Com uma levada de funk aqui, uma pegada de samba-rock ali, uma sampleada nos teclados, wah wah na guitarra e  o Fino Coletivo abre o álbum chamando todo mundo pra dançar com a música “Batida de Trovão” e logo em seguida com “A coisa mais linda do mundo”, mostrando toda a potência dos instrumentos de sopro da banda. Essas duas faixas já expressão bastante do que se pode esperar do disco, muito suingue nas levadas de samba-funk com um wah wah primoroso e vocais tranquilos e bem ‘duetados’ . Sem perder o suingue, o Fino Coletivo aposta em alguns outros ritmos no álbum, na faixa “Fidelidade” a banda cai em uma levada de samba-canção, já as músicas “Bravo mar” e “Minha menina bonita” levam um ar de xote e coco respectivamente, mas sempre mantendo um requinte moderno nos teclado. Na faixa “Abalando geral” os boêmios arriscam um rap, apesar dos vocais extremamente cadenciados em algumas partes, o grupo conseguiu ambientar o rap bem na levada soul.

O disco teve uma produção primorosa, áudio impecável e belas canções. Algumas faixas que merecem destaque além das citadas são “Beijou você” (minha preferida), “Se vacilar o jacaré abraça” e “Ai de mim”. Pois bem, esse é o “Copacabana” lançado em 2010 e que rendeu e continua rendendo ótimas oportunidades para o Fino Coletivo, inclusive uma apresentação no palco “Oi” do SWU 2010.  Ouça e prove esse balanço.

Músicas:

1. Batida de trovão
2. A coisa mais linda do mundo
3. Ai de mim
4. Doce em Madri
5. Fidelidade
6. Bravo mar
7. Minha menina bonita
8. Beijou você
9. Abalando geral
10. Swing de Campo Grande
11. Nhem nhem nhem
12. Se vacilar o jacaré abraça
13. Velho dia
14. Amor meu

http://www.finocoletivo.com.br/

http://www.myspace.com/finocoletivo



O que é?! Quem é?!
18/05/2011, 21:02
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Em síntese e  sem poesia ou romance, a Musicaria é uma estante de resenhas, um fichário de músicos e bandas brasileiras onde resenharemos seus trabalhos e suas histórias. Focaremos em ritmos ‘abrasileirados’ e contemporâneos, ‘pendentes’ ou independentes na cena musical, porém sempre prezando cultura e qualidade.

Esse que vos escreve é Murilo Henrique J. graduando em Jornalismo e aspirante a articulista musical, designer gráfico no expediente e ‘tentador’ de tocar alguns instrumentos nas horas vagas.

Sejam Bem-Vindos e quiçá possamos saciar e nos saciarmos dessa fonte alimentícia chamada música.



Prelúdio do devaneio musical
18/05/2011, 20:58
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Bom dia, boa tarde e  boa noite  apreciadores, admiradores ou meros ‘ouvidores’ de qualquer tipo de ruído sonoro que represente música. Abro as portas da Musicaria para brindarmos a 1ª Arte que delineia com traços fortes ou fracos nosso cotidiano.

A Musicaria anseia por cultura, sobretudo, cultura Brasileira, percorrendo rios inebriantes que discorrem sobre um país construído de frevo, samba, maracatu, mangue-beat, bossas e misturas tão liquidificadas quanto o próprio povo. A Musicaria se torna substantivo, e busca expressar com palavras o ritmo, o tempo, o compasso, o suor e o sentimento que entram pelos ouvidos e se disseminam pelo corpo, oxalá soubéssemos descrever emoções.